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segunda-feira, 29 de junho de 2015

O fator surpresa dos reallities shows musicais

( eu sou uma surpresa ) E eis-me aqui, entre pedaços de madeiras, Sound Forge, Pro Tools, serrotes, Vegas, Audition, parafusadeira, pendrives e dedos sujos de cola. De vez em quando eu apareço aqui.

Surpresa!

Às vezes a surpresa é um baita mico. Eu, particularmente, não curto essas coisas de carro de telemensagem romântica - geralmente uma Variant 1967 rosa cheia de bolas lilás e enfeitada de bexigas com formato de coração com um mega-fone em alto e bom som sussurrando impropérios.

Prefiro me ater a um tipo de surpresa que rola solto em programas do tipo caça-talentos em canais de TV a cabo. Sim, falo do America's Got Talent e tudo o que veio através dele.

Esse é uma das primeiras surpresas: Paul Potts.


"Você diz que vende celular e vem fazer isso aqui?" Paul Potts venceu a competição da primeira temporada do America's Got Talent, realizada em 2007. Pela regra do programa, os finalistas cantam a mesma música que cantaram na primeira apresentação. Para não repetir a mesma música, vou postar aqui a música que o calouro cantou na semifinal.

Vamos atravessar o oceano. Na Inglaterra, Charlotte e Jonathan são estudantes de música. Praticam canto. Certa vez a professora de canto deles disse que poderiam cantar juntos.

Jonathan, no entanto, aponta na edição desse vídeo, que sofre de bullying. Dá a impressão de que a música é a válvula de escape.


"Uma voz pop e uma de ópera, juntas." Na semifinal, a dupla cantou "Caruso", imortalizada na voz de Luciano Pavarotti, quando vendeu 9 milhões de cópias. Mas vale apena assistir a repaginada total que a produção do programa fez para que eles cantassem a final da temporada de 2012.

Acho que já deu pra perceber que existe, em alguns casos, um quê de Cinderela: aquele personagem que só se dá mal mas que tem um talento capaz de mudar a própria vida mas que nunca teve uma chance de mostrar isso.

Pra Tailândia. Sim, lá tem o 's Got Talent deles. Andam dizendo por aí que é um dos países em que mais se realizam cirurgia para troca de sexo. Pode até ser verdade. Mas existe técnica vocal para entender - ou pelo menos tentar entender - o que a Bell Nuntita fez.


"Isso é impossível. Não é mais." Não sei se chega a esse ponto de alterar o timbre dessa forma. Pra quem não me conhece, sou tenor em alguns Corais e sei da dificuldade em mudar de naipe. Mudar, por exemplo, do Tenor ( que é a voz mais aguda do homem ) para o Contralto ( voz mais grave da mulher ) exige do homem um esforço físico consequente da técnica. Não é fácil. O contrário também. Me lembro de um ensaio em que uma Contralto, ao perceber que eu estava fazendo a nota errada, me corrigiu fazendo a nota de Tenor. Uau.

Alguns talentos, mesmo não vencendo a temporada, são contratados por gravadoras e lançam trabalhos. Com vocês, o trabalho da própria Bell Nutita. Legendado, pra ficar mais fácil.

Falando em trabalho pós-programa, segue mais um caso de surpresa, mas dessa vez no "The Voice" italiano. Se você nunca assistiu a um programa desses no Brasil, vale uma pequena explicação: somente o público vê o calouro. Os jurados ouvem primeiro e, caso queiram pra si, viram a cadeira. Ou seja, temos aí um duplo caso de surpresa: a voz e a aparência.

Com vocês, Suor Cristina, uma madre siciliana.



A cara da jurada diz tudo sobre a surpresa. E a madre tem pegada de Rock mesmo. Mas tirou o pé na final da temporada, misturando a apresentação com algo que parecia o Cirquè de Soleil. Em tempo: não é difícil entender o italiano.

Assista até o final. A madre escolhe o diabo.

Para quem acompanha a algum tempo esse gênero de programa, percebe que algumas músicas são figurinhas repetidas. "Nessun Dorma", por exemplo, foi cantada em vários programas e por vários calouros. Aqui, mais uma apresentação, made in Russia.

Tal fato não é diferente com "Mio babbino caro".

Andrew de Leon. Surpreenda-se.


Às vezes não é preciso esperar a segunda frase cantada. Uma levantada de sobrancelha do jurado já diz se o calouro é bom. Ou não.

Susan Boyle, a vencedora da temporada inglesa de 2009.


Aqui, a música que ela cantou para chegar à final.

Lembra-se que há pouco falei do complexo de Cinderela? Quanto mais sofrida é a história do personagem, mais atrai audiência. Aí você coloca no contexto da história do cidadão o conteúdo da música. Não há quem se segure, mesmo que a voz não seja espetacular.

Com vocês, Emmanuel. Nome bíblico que significa Deus Conosco.


Mais uma conjunção música e vida. Luiz Meneghin é brasileiro e vive no estado de Utah, Estados Unidos. É enfermeiro de abrigo para pessoas idosas e canta todo dia para elas por uma meia hora. Só peço o perdão por ser Nessum Dorma, de novo.


"Não sou fã de ópera, mas você me converteu." "Meu pai queria que um de seus filhos seguisse na música." Uma pena, ele não passou para as fases seguintes do programa, pois no dia em que se apresentou pela primeira vez ele teve que deixar a casa em que morava. A TV Record chegou a fazer uma reportagem com ele, mencionando ser dos Mórmons. Para quem não sabe, os mórmons norte-americanos possuem um dos mais belos corais que eu já ouvi cantando. Posso até fazer um post em outro momento falando sobre o canto coral.

Pra fechar: Brasil. Há personagens que carregam em sua voz algo mais que uma simples música. Carregam uma carga emocional fortíssima, seja de alegria, seja de repulsão.

Mais do que um personagem. Mais do que uma voz. Deena Love, pra quebrar padrões globais de programa de TV, de vida e de causa.



Fator surpresa regada a uma forte personalidade. Deena venceu a edição brasileira do The Voice em 2014. Na última sexta-feira ela esteve no Programa do Jô.

Nos You Tubes da vida há centena de videos sobre vários programas desse gênero, que vão desde apresentações memoráveis e grandes micos, além de programas na íntegra e melhores momentos de todas as temporadas de cada programa.

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