A hora e a vez do Jornalismo Cultural, entre outras pechinchas.

terça-feira, 28 de março de 2017

Que guitarra?

(se guitarra fosse boa, Jimi Hendrix não queimaria) Voltei. Na verdade, sem tempo pra tantas outras coisas que andei fazendo, e, lógico, relacionadas à música. Houve um tempo que eu estava em seis trabalhos diferentes em cinco corais. Isso dá outra postagem, sabe-se lá Deus quando...

Mas hoje acordei com essa música na cabeça: "Give me the night", E a hora de falar daquilo que eu sempre curti nas músicas: as baixas frequências dos baixos.



Aos marujos de primeira viagem, costumo dizer que os baixos são as vozes de elefante, e as vozes mais agudas são as de formiguinha. Num teclado de piano, por exemplo: quanto mais à esquerda, mais grave o som fica; e à esquerda, mais agudo. Claro que ouvir e, principalmente, fazer a música vai muito mais além do que essa explicação leiga. 



Produzido por Quincy Jones, da Motown Records, o primeiro álbum solo do Michael Jackson marcava o início do fim de uma era dedicada à Disco Music / Discotèque, uma época em que na Rádio Jovem Pan 2 passava esse gênero de som. Claro, regado ao contra-baixão.

Me lembro, por exemplo, do meu irmão Rogério que tinha um LP cinza da Rádio Jovem Pan 2, 1979 ou 1980, com a música "Come to me" da France Joly. Era a primeira faixa do lado A, que começava logo depois de uma vinheta da Rádio montada em cima da música.



Talvez essa época em que eu vivia ouvindo, ora por vontade própria ora por osmose, essas músicas me levou a fazer, em 1998, uma vinheta para a Rádio Metodista, onde estagiei até 2000, sobre doação de discos para a emissora, algo totalmente fora de si em tempos de compartilhamento livre de áudios e videos pela internet em dias atuais.

E o surpreendente: a banda era formada somente por mulheres. Inclusive no baixo:


Pra finalizar esse post ligeiro: algo mais recente, pop, e conhecido. 


Uma hora eu volto, de novo. Tem muita coisa que vem do baixo ( e não de baixo ) que me atinge. 

quarta-feira, 16 de março de 2016

A tempo de cantar

( sem pausa ) Não sei se sabem, mas sou filho de sanfoneiro. Minha família tem bailarina, DJ, pianistas, musicoterapeuta, violinistas,...

Nesse turbilhão, aprendi música à partir de 1986. Ou pelo menos o suficiente para dar os outros passos.

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Primeiro ato. O ano? 2011.

Eu estava no meio de um tratamento de saúde para curar a Hepatite C. Tinha restrições a ser seguidas, como subir e descer escadas, correr, levantar peso,... Foi nessa maré baixa que eu entrei no Coral da Igreja Metodista do Rudge Ramos. "Estamos precisando de vozes para um grande coro", chamava Francisco Henrique Soares.

Mas cantar exige esforço. 

Só depois de duas semanas em que cantei, em maio de 2012, na cerimônia do Coração Aquecido ( pesquise John Wesley, caso interesse ), é que voltei ao médico e avisei dessa empreitada a ele, em tom de confessionário.

"Não largue esse Coral por nada. Música faz bem à saúde."

Ufa.

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Segundo ato. Entre 2013 e 2014.

Curado da Hepatite ( dá um capítulo à parte ), comecei a conhecer, através do Coral da Metodista, outros grupos. Ekos Coral ( Marcus Vinicius Epprecht, cadê você? ), grupo vocal de final de ano da faculdade onde trabalho, aniversário da Igreja cantando com o pessoal da Fundação das Artes de São Caetano ( onde conheci a tenôra Débora Sudré Pinhata - outro capítulo à parte - entre outras pessoas ),... 

A música pulsa e vibra em forma de voz.

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Terceiro ato. Meados de 2014 até o final de 2015.

Uma intersecção no tempo. 

Não me lembro, exatamente, como conheci o Coral A Tempo. Certamente foi numa apresentação de Natal na Igreja. Talvez final de 2013. 

Parece outra música. Extrapolava. Um regente,Walter Chamun que agia com o coro, fazendo-o seguir. Um tecladista/pianista/organista Jorge Zacharias, de outro mundo.

Tudo era de outro mundo.

Acompanhei, da plateia, umas quatro ou cinco apresentações. A penúltima, na Catedral da Sé, em São Paulo. 

A última, no final do ano passado, na Igreja Metodista de Santo André. Minha esposa estava comigo. Mesmo com toda a vivência com música religiosa, confesso que chorei. E cantei, mesmo do banco. 

"Meu lugar é ali.", eu disse para a minha esposa, apontando para o Coro. Eu já conhecia algumas pessoas do coro e procurei pelo Rogerio Silva eSilas Silva, na hora. "Teremos ensaio à partir de 20 de janeiro, em São Paulo."

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Quarto ato. Janeiro de 2016 a, especificamente, 12 de março de 2016.

Coral A Tempo, durante cantata de Páscoa
"Pela manhã vem a Alegria", no CEIPRAMOS

A foto diz tudo. Primeira apresentação do Coral A Tempo na temporada. E eu, à caráter, no fundão. Primeiro tenor.

Vamos em frente. Temos mais o que fazer e aprender.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

O fator surpresa dos reallities shows musicais

( eu sou uma surpresa ) E eis-me aqui, entre pedaços de madeiras, Sound Forge, Pro Tools, serrotes, Vegas, Audition, parafusadeira, pendrives e dedos sujos de cola. De vez em quando eu apareço aqui.

Surpresa!

Às vezes a surpresa é um baita mico. Eu, particularmente, não curto essas coisas de carro de telemensagem romântica - geralmente uma Variant 1967 rosa cheia de bolas lilás e enfeitada de bexigas com formato de coração com um mega-fone em alto e bom som sussurrando impropérios.

Prefiro me ater a um tipo de surpresa que rola solto em programas do tipo caça-talentos em canais de TV a cabo. Sim, falo do America's Got Talent e tudo o que veio através dele.

Esse é uma das primeiras surpresas: Paul Potts.


"Você diz que vende celular e vem fazer isso aqui?" Paul Potts venceu a competição da primeira temporada do America's Got Talent, realizada em 2007. Pela regra do programa, os finalistas cantam a mesma música que cantaram na primeira apresentação. Para não repetir a mesma música, vou postar aqui a música que o calouro cantou na semifinal.

Vamos atravessar o oceano. Na Inglaterra, Charlotte e Jonathan são estudantes de música. Praticam canto. Certa vez a professora de canto deles disse que poderiam cantar juntos.

Jonathan, no entanto, aponta na edição desse vídeo, que sofre de bullying. Dá a impressão de que a música é a válvula de escape.


"Uma voz pop e uma de ópera, juntas." Na semifinal, a dupla cantou "Caruso", imortalizada na voz de Luciano Pavarotti, quando vendeu 9 milhões de cópias. Mas vale apena assistir a repaginada total que a produção do programa fez para que eles cantassem a final da temporada de 2012.

Acho que já deu pra perceber que existe, em alguns casos, um quê de Cinderela: aquele personagem que só se dá mal mas que tem um talento capaz de mudar a própria vida mas que nunca teve uma chance de mostrar isso.

Pra Tailândia. Sim, lá tem o 's Got Talent deles. Andam dizendo por aí que é um dos países em que mais se realizam cirurgia para troca de sexo. Pode até ser verdade. Mas existe técnica vocal para entender - ou pelo menos tentar entender - o que a Bell Nuntita fez.


"Isso é impossível. Não é mais." Não sei se chega a esse ponto de alterar o timbre dessa forma. Pra quem não me conhece, sou tenor em alguns Corais e sei da dificuldade em mudar de naipe. Mudar, por exemplo, do Tenor ( que é a voz mais aguda do homem ) para o Contralto ( voz mais grave da mulher ) exige do homem um esforço físico consequente da técnica. Não é fácil. O contrário também. Me lembro de um ensaio em que uma Contralto, ao perceber que eu estava fazendo a nota errada, me corrigiu fazendo a nota de Tenor. Uau.

Alguns talentos, mesmo não vencendo a temporada, são contratados por gravadoras e lançam trabalhos. Com vocês, o trabalho da própria Bell Nutita. Legendado, pra ficar mais fácil.

Falando em trabalho pós-programa, segue mais um caso de surpresa, mas dessa vez no "The Voice" italiano. Se você nunca assistiu a um programa desses no Brasil, vale uma pequena explicação: somente o público vê o calouro. Os jurados ouvem primeiro e, caso queiram pra si, viram a cadeira. Ou seja, temos aí um duplo caso de surpresa: a voz e a aparência.

Com vocês, Suor Cristina, uma madre siciliana.



A cara da jurada diz tudo sobre a surpresa. E a madre tem pegada de Rock mesmo. Mas tirou o pé na final da temporada, misturando a apresentação com algo que parecia o Cirquè de Soleil. Em tempo: não é difícil entender o italiano.

Assista até o final. A madre escolhe o diabo.

Para quem acompanha a algum tempo esse gênero de programa, percebe que algumas músicas são figurinhas repetidas. "Nessun Dorma", por exemplo, foi cantada em vários programas e por vários calouros. Aqui, mais uma apresentação, made in Russia.

Tal fato não é diferente com "Mio babbino caro".

Andrew de Leon. Surpreenda-se.


Às vezes não é preciso esperar a segunda frase cantada. Uma levantada de sobrancelha do jurado já diz se o calouro é bom. Ou não.

Susan Boyle, a vencedora da temporada inglesa de 2009.


Aqui, a música que ela cantou para chegar à final.

Lembra-se que há pouco falei do complexo de Cinderela? Quanto mais sofrida é a história do personagem, mais atrai audiência. Aí você coloca no contexto da história do cidadão o conteúdo da música. Não há quem se segure, mesmo que a voz não seja espetacular.

Com vocês, Emmanuel. Nome bíblico que significa Deus Conosco.


Mais uma conjunção música e vida. Luiz Meneghin é brasileiro e vive no estado de Utah, Estados Unidos. É enfermeiro de abrigo para pessoas idosas e canta todo dia para elas por uma meia hora. Só peço o perdão por ser Nessum Dorma, de novo.


"Não sou fã de ópera, mas você me converteu." "Meu pai queria que um de seus filhos seguisse na música." Uma pena, ele não passou para as fases seguintes do programa, pois no dia em que se apresentou pela primeira vez ele teve que deixar a casa em que morava. A TV Record chegou a fazer uma reportagem com ele, mencionando ser dos Mórmons. Para quem não sabe, os mórmons norte-americanos possuem um dos mais belos corais que eu já ouvi cantando. Posso até fazer um post em outro momento falando sobre o canto coral.

Pra fechar: Brasil. Há personagens que carregam em sua voz algo mais que uma simples música. Carregam uma carga emocional fortíssima, seja de alegria, seja de repulsão.

Mais do que um personagem. Mais do que uma voz. Deena Love, pra quebrar padrões globais de programa de TV, de vida e de causa.



Fator surpresa regada a uma forte personalidade. Deena venceu a edição brasileira do The Voice em 2014. Na última sexta-feira ela esteve no Programa do Jô.

Nos You Tubes da vida há centena de videos sobre vários programas desse gênero, que vão desde apresentações memoráveis e grandes micos, além de programas na íntegra e melhores momentos de todas as temporadas de cada programa.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Manifeste-se! Proteste!

( Sem violência, por favor ) Uma playlist básica com algumas músicas - algumas óbvias - para pensar se vale a pena ou não em protestar. E, principalmente, como protestar. Som na caixinha aí.

Cause finally the tables are starting to turn
Talking about a revolution



A fome tem que ter raiva pra interromper
A raiva é a fome de interromper
A fome e a raiva é coisas dos home



And it's true we are immune
When fact is fiction and TV reality



Amanhã vai ser outro dia



Cai no areal na hora adversa que Deus concede aos seus
para o intervalo em que esteja a alma imersa em sonhos que são Deus.
Que importa o areal, a morte, a desventura, se com Deus me guardei
É o que me sonhei, que eterno dura e esse que regressarei.



Quero ver crescer nossa voz
No que falta sonhar


O mesmo alento que nos conduziu debandou tudo
Tudo o que assumiu desandou
Tudo o que se construiu desabou



Você já pensou em chegar numa boa aos quarenta?
Então por que não tenta?
Por que não experimenta?



We don't need no education 
We dont need no thought control 
No dark sarcasm in the classroom



Meu caminho é de pedras
Como posso sonhar?


Cadê a voz que encantava multidão, cadê?
Virou areia

 

terça-feira, 2 de abril de 2013

A voz do violonista

Yamandu Costa é conhecido pelas suas versões instrumentais de um violão típico de choro, o de 7 cordas.

Mas aqui, ele canta. E com uma prosa maravilhosa antes de sua voz com Dominguinhos.

E tomo de assalto a estrofe de "Guitarra", do grupo luso Madredeus: "Quando uma guitarra trina nas mãos de um bom tocador, a própria guitarra ensina a cantar, seja quem for."


sexta-feira, 1 de março de 2013

Pais e Filhos ( e netos )

( É preciso amar ) Quaresma é o início daquele tempo de transição entre o calor e o frio. Identifica Março, mês de chuvas na região Sudeste, e tema de um dos hinos mais conhecidos da nossa Música Popular Brasileira:



E é justamente desse encontro que nasceu a inspiração de criar esse post. Os filhos.

Maria Rita é filha de Elis Regina e de César Camargo Mariano. Começou a carreira somente aos 24 anos e é formada em Comunicação Social - precisava? Em 2002, antes mesmo de lançar seu primeiro trabalho, homônimo, levou o prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte na categoria Revelação.

Foram mais de 100 shows em todo o mundo somente na turnê inicial. Japão e Coreia, inclusive. Um dia eu tento desvendar o porquê do Japão ser um consumidor voraz da ボサノバ.Em 2005, lançou seu segundo álbum e apostando na venda apenas de uma faixa do CD, "Caminho das Águas", de forma online.

De lá para cá, embora não tão presente em programas de TV, a carreira de Maria Rita deslanchou. Ela chegou a gravar uma canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, "Encontros e despedidas", tema da novela "Senhora do Destino". Bituca e Maria Rita já fizeram uma parceria para a minisserie "A casa das 7 mulheres".

Termino falando da filha da Pimentinha com uma música de João Bosco, interpretada pela própia Maria Rita.


Tom Jobim tem um dom quase particular: o de transformar música cantada em tocada, mas com uma harmonia incrível. Compare você mesmo a versão instrumental em parceria com Toquinho com a cantada, de novo com Elis Regina. Destaco aqui a versão com Dominguinhos e Yamandu Costa.

Chega de onda. Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim é carioca, nascido no dia de aniversário de São Paulo. Desistiu da faculdade de arquitetura para se dedicar às teclas do piano. É um dos criadores diretos da Bossa Nova, surgido no chamado "Beco das Garrafas", em Copacabana, 1950.

Dois anos mais tarde, foi contratado pela gravadora Continental para ser arranjador e participou da composição musical de "Teresa da Praia", entre tantas outras. Daí para a carreira de maestro foi um pulo.

Se ficarmos falando aqui da carreira musical de um personagem que tem Tom até no nome, ficaremos horas. Tom Jobim se casou duas vezes. Em seu primeiro casamento, com Thereza de Otero, teve dois filhos: Paulo Jobim e Elizabeth Jobim.

Seu primeiro filho, Paulo, seguiu os passos e compassos musicais do pai: guitarrista, flautista, produtor e arranjador. Chegou a cursar arquitetura também, mas largou.Tocou inclusive com o pai entre 1984 e 1995 na Banda Nova. Produziu discos da geração Clube da Esquina.

Paulo Jobim é casado e com seu filho Daniel Jobim, neto de Tom, fizeram uma parceria num tributo ao pai-avô. A voz, familiar, é inconfundível.


Hereditariedade é mais séria do que se pensa. A MPB e nós, claro, agradecemos.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Retrospectiva 2012 do Youtube

( passando a régua... ) Para fechar 2012 que não acabou ainda por causa do fim do mundo, o You Tube abriu um canal retrospectivo com os clipes mais vistos, ou melhor, os videos mais clicados no ano, divididos por países e global.

Numa apresentação interativa ( a palavra ainda assusta? ), o internauta pode clicar em um dos quatro videos que aparecem mês a mês para interromper a retrospectiva e assistir ao video escolhido. Isso acontece porque o YouTube usou aquela ferramenta de anotação. Simples.

Tem a retrospectiva do Brasil, por exemplo. "Camaro amarelo" na ponta.


Como sempre acontece em alcance de grandes audiências, o Youtube listou videos óbvios. Mas outros de gosto duvidoso. Eu fiz um trabalho de faculdade em 1998 estudando a audiência do Domingão do Faustão, Programa do Gugu e Programa do Ratinho. Conseguimos provar que quanto mais baixo o nível, mais audiência consegue. Talvez isso explique o sucesso de alguns videos listados aqui.

Me surpreendeu, também, o fato de o canal ter listado algumas propagandas. Óbvias e não. O bebê rasgando papel foi genial, mas colocar a Xuxa morena não deve ter sido lá tão interessante.

Me lembro de uma frase do Jô Soares: "Se eu quiser ver propaganda no You Tube, eu ligo a TV."  Mas assim é a audiência. Gosta de ser surpreendida.

Aqui, o YouTube lista os 10 mais visto no Mundo. Gangnam Style na frente, batendo o recorde anterior de Justin Bieber. O video do coreano conseguiu ter mais visualizações em três meses do que em três anos de cantor americano. O que ajuda a explicar esse fenômeno pode ser a popularização da Internet e suas formas mais portáteis de acesso ( laptops, smartphones, tablets,... )

A reportagem que originou esse post é d'O Estado de São Paulo.

Falando em video, deixo aqui - puxado do Youtube - o meu cartão de Natal para você.


Que tenha um Natal barulhento e um 2013 cheio de audiência na sua vida. Ho-ho-ho.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Na próxima Revista Raízes, histórias do Seu Ricardo e família

Na próxima quinta (13), sai mais uma revista Raízes, referência quando se fala em revista de História/Memória ligada à um municipio. E mais uma vez tive a honra de poder participar da revista, graças ao convite da sempre gentil Paula Fiorotti, editora da publicação semestral. Desta vez, resgatei a história do meu vô Ricardo e suas filhas, que aportaram na divisa da cidade no longínquo ano de 1948 e também na subsequente vinda de meu pai ao bairro ( ele que nasceu na Rua Rio de Janeiro, em bairro vizinho). Consegui ilustrar a matéria com ótimas fotos da família de 1948 aos anos 70 e não vejo a hora de vê-las publicadas. Na seção de imagens da revista também serão publicadas fotos do meu pai como goleiro em sua juventude. O lançamento da revista, que é gratuita, será na Câmara Municipal de São Caetano, na Avenida Goiás, 600. Espero vocês lá.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Pedro Pedreiro

( vi essa na TV ) Quando eu era criança, em meio a livros e papéis que tínhamos em casa, havia um tubo com umas folhas rabiscadas. Era um projeto de uma casa do Oscar. "Eu tenho um projeto do Oscar." Mas meus pais nunca deram importância a isso.

"Pai, vamos fazer a casa do Oscar?"
"Não, filho. Moramos nessa casa. Não precisamos fazer outra..."
"Mas é do Oscar!"
"...não precisamos. Onde vamos construir?"

Papai e mamãe tinham um terreno no Iguatemi. Dava pra construir lá.

"Não dá, filho. Não vamos construir no Iguatemi"
"Mas é uma casa do Oscar!"

E a casa foi ficando pra trás, dia após dia. Até quando eu briguei com os dois.

"Vamos fazer a casa!"
"Não vamos, filho. Não dá pra fazer!"

Bati a porta na cara deles e, por desforra, fui fazer a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Pra fazer a casa do Oscar.

Fui o pior aluno da sala. Meu professor de Topografia me deixou de DP numa prova oral. Uma tragédia.

Além disso, durante uma crise econômica, meus pais venderam o terreno de Iguatemi. A casa do Oscar ficou para trás.


Larguei a faculdade e fui estudar música. De vez em quando eu consigo fazer uma música igual a do Tom Jobim. É a forma que encontrei de realizar a casa do Oscar Niemeyer.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Linkin Park

( ...os sonhos não envelhecem ) Eis que me deparo, hoje de manhã, com uma sequência de postagens no Facebook da minha sobrinha sobre o show do Linkin Park, formada em 1996 nos Estados Unidos. Pelo depoimento, foi uma das primeiras músicas-chiclete-não-infantil-internacional que grudou na cabeça dessa moça de 19 anos, hoje.

Em 1996, ela estava com 3 anos de idade e via Arnaldo Antunes lavando a mão no Castelo.

Independente a banda, a música, a época, a idade. Luna Engelmann descreve ( muito bem ) o que é ter um sonho de infância realizado.

(...)

Há 9 anos atrás eu era uma criança. Uma criança que se encontrava iniciando uma nova fase, de o que chamamos de pré-adolescência, fase essa em que passamos a fazer novas coisas e a abandonar antigos hábitos. 


Uma das primeiras novas coisas que passei a fazer assim que atingi essa fase foi desenvolver um interesse por música, que persiste até hoje. Uma vez interessada por música, recorri à maior fonte musical que os jovens tinham na época, a MTV. 



A grade do canal, contava com um programa, apresentado pela Didi Wagner, que até onde me lembro, se chamava DiskMTV, e que passava os 10 clipes mais votados, pelos espectadores. 


Luna Engelmann, fâ incondicional de esmaltes e K-Pop. E Linkin Park.


Foi assistindo à um programa desses em que assisti uma performance de uma banda até então desconhecida (na verdade não conhecia praticamente nenhuma banda até então), mas que eu havia achado bem legal de começo, principalmente pelo cara que cantava ter os braços com tatuagens de fogo e uma garganta de ferro, além do cara que aparecia no palco com luvas de Hulk, o que eu achava muito engraçado.

Os dias iam passando e meu interesse ia apenas aumentando, até que eu me vi assistindo ao programa única e exclusivamente para ver aquele clipe.

E então, me encontrei na seguinte situação: Estou amando esse clipe e nem ao menos sei de quem é. Missão dada à mim mesma? Descobrir quem era a banda da música que eu tanto gostava.

Eu não sabia absolutamente nada de inglês, muito menos sabia mexer na internet, que naquela época, não tinha em casa. Então, até saber que o nome da banda em que tinha uma música em que eu tanto havia, foi uma luta. 

Uma vez com o nome decoradinho, foi só alegria correr para procurar outras músicas, para saber quem eram as pessoas que tocavam nessa banda e decorar as letras, mesmo sem entender nada do que falavam. 

Ao passar dos anos, fui crescendo e acompanhando, crescendo e acompanhando, juntando cada moedinha que achava no chão, voltando da escola e cada troco de padaria que ganhava da minha avó para comprar os cds. Dentro desse tempo, vi a banda passar pelo Brasil algumas vezes, sem poder ir por questão de idade principalmente. 

Luna e Paulinho Pires

Ontem, seria mais uma vez em que veria minha banda favorita passar pelo meu país, sem ao menos ver se eram de verdade ou não (mas por algo que creio que tenha sido Deus, pois só ele para interferir e mudar o curso das coisas dessa forma.), porém não foi assim. 

O show seria ontem, às 20h30, e eu já estava inconformada que por mais uma vez, ficaria sem ver e sem ouvir as músicas que me acompanharam em todas a minha adolescência.

Eis que ontem, às exatas 15h22 meu celular toca, com a melhor notícia em que eu poderia receber: Eu iria, depois de nove anos, realizar meu sonho de criança. Eu iria ver de perto, poder ouvir, poder gritar, poder cantar junto, e sentir toda a vibração da banda em que amava desde que me entendia por gente. 

Obrigada à menina que cedeu um ingresso a mais sem querer. Obrigada ao cara que trampava no evento (Leandro o nome dele, né?), e que deu os ingressos ao Caio. Obrigada ao Caio por ceder o ingresso que estava sobrando ao Paulinho, deixando ele escolher o acompanhante. Obrigada aos meus pais por não hesitarem em me deixar ir. E obrigada principalmente à você, Paulinho Pires, por ter realizado meu sonho. Eu realmente te devo essa, e realmente não faço a mínima ideia de como agradecer e de como retribuir esse puta presente, que sem sombra de dúvida foi inesquecível. Meu sincero muito obrigada! ♥

Mike Shinoda, integrante do Linkin Park,
durante o show em São Paulo
Linkin Park - Arena Anhembi - 07 de outubro de 2012. Sem dúvida o melhor dia da minha vida.


(...)


Que fique, pois, a lição de não parar com os sonhos. Quando um sonho se realiza, o espaço na prateleira fica vago para outro sonho.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Impeachment, 20.

( e o cabra continua aí... ) Há vinte anos, eu estava em outra esperança. Havia a promessa de que os computadores estariam invadindo o corriqueiro pessoal. Talves por isso, e acreditando gostar disso, eu fazia Informática Industrial na ETE Jorge Street, do outro lado de São Caetano. Meu vô Valter estava bem ruinzinho com Alzheimer ( morreria no início de outubro de 1992 ) e meu pai tinha acabado de falecer.


Há vinte anos, um certo Fernando Collor de Melo, então presidente da República, o primeiro escolhido através de Eleição direta, votação popular, depois de anos de Ditadura, entrava em rede nacional: "Não me abandone, meu povo. Vamos pintar as cores do Brasil durante a votação!" Collor se referia à votação do impedimento de seu mandato, acusado de corrupção, que ocorreria num 29 de setembro daquele ano.


A votação aconteceu numa terça-feira. As escolas liberaram os alunos mais cedo. Milhares se reuniram nas ruas, com as caras pintadas mas vestidos de preto, numa clara manifestação contra Collor.

Eu acompanhei a votação de casa.


O que me chamou a atenção, no dia, foi a reação de alguns deputados ao ouvirem a votação de outros colegas, antes a favor de Collor. Como o número de votos já assegurava o afastamento do Presidente, eles mudaram o voto. "Agora?", gritavam os que eram a favor do Impeachment.

( ATUALIZAÇÃO ) - A Rádio Estadão ESPN está apresentando nessa semana uma série de reportagens que lembra o período do Impeachment, com a repórter Camila Tchulinsky. Aqui, a primeira parte, e aqui, a segunda reportagem.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

90 anos de Rádio no Brasil

( tem champagne sem álcool? ) Hoje é o Dia do Rádio, assim feito porque num 25 de setembro nasceu o pai da radiodifusão brasileira, Roquete Pinto.

Para comemorar a data, a Rádio Estadão ESPN, em parceria com as rádios Bandeirantes, CBN, Jovem Pan e TV Record News, transmitiu um programa especial com Haisem Abaki, Joseval Peixoto, Milton Jung, José Paulo de Andrade e Heródoto Barbeiro.







Um programa de rádio, na rádio, sobre o rádio.

Boa viagem!

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O seco segue.


Ar seco. Tempo seco seca a terra. O Seco segue.
Solta as folhas secas. Solta o galho seco.
Palavras secas. Vidas secas.


Solta as sementes secas. Solta o ar seco.
Seca o tinto do vinho a seco.
Abre o olho seco. Fecha o olho seco.
Até a Primavera soltar o seco.


E tudo renasce do seco, antes que vire pó.

sábado, 30 de junho de 2012

Carta aberta ao Poder Público sobre Movimentos Solidários aos Moradores de Rua.

( ou: proteste! ) Não tenho condições de saúde, por enquanto, para participar in loco. Mas minha experiência ajudando alguns moradores de rua mostra a legitimidade do sopão, uma Ação de Solidariedade, que foi PROIBIDA pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, por achar que não há 'condições higiênicas para tal'.

Oras, senhor prefeito! Tenha a mais absoluta certeza que no preparo há condições higiênicas, sim senhor. E servimos o alimento - e muito mais que isso - na 'casa' desses moradores, que é a RUA.



A grande maioria desses moradores de rua, segundo dados de 1998, levantados por Alcides Alexandre Lima de Barros, em seu livro publicado pela Arte Literária em 2011, "População em situação de rua: um olhar sobre a exclusão", essa população

 "(...) é basicamente masculina. Ainda que existam famílias, o grande contingente ( mais de 90% ) é de homens que vivem sós, sem laços permanetntes com a família. As mulheres, em pequeno número, são extremamente disputadas. Preferem ter um companheiro, para serem protegidas do assédio dos demais.

É uma população jovem, em idade 'produtiva': setenta por cento tem menos de quarenta anos.

(...)

Os resultados da primeira pesquisa realizada pela PMSP - Secretaria Municipal do Bem-Estar Social (SEBES), sobre a população adulta de rua, fizeram com que alguns mitos caíssem por terra, como, por exemplo, a ideia de que quem está na rua é o imigrante recém-chegado, o negro, o nordestino.

(...)

A imagem do mendigo tradicional, que sobrevive de esmolas, não é uma realidade do homem de rua hoje, em São Paulo. Oitenta e cinco por cento dessa população desenvolve algum tipo de atividade para ganhar dinheiro.

(...)

O habitante de pontes e viadutos da capital exerce atividade remunerada ( 85% ) e quase todos já tiveram sua carteira de trabalho assinada por empregador ( 87% ). A maioria dessa população sabe ler e escrever ( 73% ) e grande parte nasceu na região Sudeste."



O autor ainda destaca uma das causas da situação do morador de rua, atacando a falta de política nacional, estadual e municipal para a criação de opções, através do poder público, para que haja mais facilidades e concorrência na compra de uma casa própria, além, do incentivo ao trabalho, mais complicado, pois depende da economia e mercado.

Alcides Alexandre de Lima Barros é Pastor Metodista e trabalhou no albergue Viaduto. O albergue foi tema de reportagem no Jornal Nacional:


Tudo isso para provar, senhor prefeito, e como Instituição Prefeito, seja lá quem estiver no cargo, a legitimidade do movimento.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Viva a sexta-feira!

( loooooongo inverno... ) É isso, depois de um longo inverno, eis-me aqui, aos poucos ainda, voltando ao mundo real da blogosfera. A vida segue. O trem não pode parar.

Pretendo alimentar, pelo menos toda sexta-feira, com uma sequência que pode, ou não, agradar a gregos e troianos pela primeira vez na história.

Som na caixinha aí.